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Castelo Branco: Falta de alimento provoca a maior concentração de sempre de abutres no Tejo Internacional

O Monte Barata, no parque do Tejo Internacional, registou recentemente a maior concentração de abutres num só dia, fruto da escassez de alimento que está a fazer perigar espécies como o abutre preto.

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  • Publicado: 2015-11-28 18:13
  • Autor: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

O Monte Barata, no parque do Tejo Internacional, registou recentemente a maior concentração de abutres num só dia, fruto da escassez de alimento que está a fazer perigar espécies como o abutre preto.

Recentemente, a Quercus registou a presença de 270 aves no alimentador do Monte Barata, situado na freguesia de Monforte da Beira, concelo de Castelo Branco, em pleno Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI), um episódio nunca registado pela associação ambientalista a nível nacional.

A falta de alimento é neste momento apontada como a principal causa para esta concentração anormal de aves naquele local e que coloca em risco espécies como o abutre preto, que esteve extinto em Portugal durante quatro décadas.

"Se não há alimento disponível existe o risco de as populações não se reproduzirem. No caso do abutre preto em particular, sendo uma espécie tão ameaçada, rapidamente vai para a extinção", afirmou à agência Lusa Samuel Infante, da Quercus.

O ambientalista sustenta ainda que, com a falta de alimento, a tendência dos animais é deslocarem-se para outros locais, onde há condições mais favoráveis para se reproduzirem.

"A falta de alimento na zona está a sentir-se e as últimas épocas de reprodução foram as piores desde que há monitorização no PNTI. Houve uma mortalidade de crias muito pequenas em grande parte da população de abutres", adiantou.

No caso dos grifos, dos 160 casais que estão no PNTI, "menos de metade reproduziram-se com sucesso, claramente um indício de falta de alimento".

A falta de alimento para estas aves tem vindo a verificar-se desde a crise da BSE, altura em que foi montado um sistema, a nível nacional, de recolha de carcaças dos animais.

"Diariamente são recolhidos cerca de mil animais, que são retirados dos campos. São milhares de toneladas de alimento que estavam disponíveis para estas espécies e que deixaram de estar", explica.

Samuel Infante adianta que a solução passa por deixar as carcaças nos campos, como sempre aconteceu ao longo de milhares de anos.

O ambientalista sublinha também que já foram feitos vários apelos aos Ministérios da Agricultura e do Ambiente para que se apliquem as diretivas comunitárias.

"Em 2102, foi alterada a diretiva comunitária que já previa a exceção de criação de locais como este [alimentadores]. Mas isto não é uma solução, não resolve, apenas minimiza o problema", afirma.

Para o responsável da Quercus, é urgente que se aprove a estratégia nacional para as aves necrófagas que esteve em consulta pública em setembro deste ano.

"Esperemos que rapidamente seja publicada e que seja uma ferramenta para que nas zonas onde não há problemas sanitários se possam disponibilizar essas carcaças de animais", disse.

A colónia de abutres pretos recolonizou Portugal com dois casais em 2010 depois de 40 anos extinto.

Progressivamente, a colónia de 11 casais existente no PNTI tem vindo a estabilizar, mas a população "continua claramente em risco".

"Se houver um problema grave, um episódio de um incêndio, um abate ou envenenamento nesta colónia, a espécie volta a extinguir-se facilmente em Portugal como reprodutor", conclui Samuel Infante.

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