"Não podemos esperar por um exame contabilístico uma ano e meio, não podemos esperar por um exame aos fluxos financeiros dois anos, não podemos esperar por uma exame grafológico um ano, porque é evidente que o processo para e a culpa é do procurador ou do tribunal", disse aos jornalistas Pinto Monteiro no final da "Conferência sobre a Corrupção Participada em Portugal", que hoje decorreu em Lisboa.
Para o PGR, "não há inocentes no processo da Justiça", tendo toda a gente que intervém "a sua quota parte da culpa".
Pinto Monteiro considerou que o Ministério Público deve assumir as "culpas nas deficiências que tem", mas "não" pode assumir as dos outros.
"Se eu peço uma análise contabilística de um processo e esse exame demorar um ou dois anos eu estou impotente", afirmou, sublinhando que "enquanto isto durar meses ou anos é evidente que os processos se arrastam".
"Ou o Governo dota os órgãos de policial criminal, designadamente a Polícia Judiciária, dos meios que necessita após um exame rigoroso do que necessita, ou então que a lei permita o recursos a entidades públicas ou privadas. Assim é que não pode continuar", sustentou.
No encerramento da conferência, Pinto Monteiro disse também que "há uma deficiente troca de informação" entre os órgãos de polícia criminal e o MP.
Tal deficiência, segundo o procurador Geral, aplica-se a todos os intervenientes, inclusive ao MP.
"Assim como os órgãos de policial criminal não fornecem informações prontamente quando pedidas, também o MP não o faz", referiu, embora tenha ressalvado que a troca de informação esteja a melhorar em Portugal, tendo já sido feitas várias reuniões sobre a questão.
Pinto Monteiro disse, igualmente, que em qualquer país do mundo é "necessário haver vontade política" para um combate eficaz à corrupção.
Destacando que não se estava a referir em concreto a Portugal, o procurador salientou que no país "está a ser feito um esforço sério em melhorar o combate à corrupção".
"Temos leis que cheguem, podem ser melhoradas e é o que está a acontecer", realçou ainda.
A "Conferência sobre a Corrupção Participada em Portugal" foi organizada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal em parceria com o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia-Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
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