Rola brava passa a estatuto vulnerável na lista vermelha das aves da UICN

A rola brava passou a ter um estatuto de "vulnerável" na nova lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), situação que a Quercus atribui principalmente à caça.

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  • Publicado: 2015-10-30 09:02
  • Autor: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

A rola brava passou a ter um estatuto de "vulnerável" na nova lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), situação que a Quercus atribui principalmente à caça.

"Uma das situações que merece destaque é a da rola brava que passou para estatuto vulnerável e é mais um reconhecimento daquilo que já vínhamos alertando nos últimos anos", disse à agência Lusa Samuel Infante, da associação ambientalista.

Como sinais positivos, Samuel Infante referiu o regresso de algumas espécies de aves que estavam extintas em Portugal, ou que tinham desaparecido durante décadas.

"Temos boas notícias", realçou, e algumas espécies estão a regressar, como "a água imperial ibérica, a sétima ave de rapina mais ameaçada do mundo e tem populações em Portugal e Espanha", depois de ter enfrentado problemas como veneno, tiros, eletrocussão, nas linhas elétricas, e corte das árvores, onde nidificam.

A Quercus entregou recentemente uma petição à ministra da Agricultura, para obter uma moratória para a rola, argumentado que a população desta ave desceu mais de 70% nos últimos 10 anos.

"Os resultados estão aí, já era expectável e já havia vários estudos a apontar para uma tendência populacional de decréscimo muito acentuado", salientou Samuel Infante, defendendo ser "impossível o governo português continuar a ignorar estes dados científicos".

A continuar a atual situação, "estamos a pôr em causa não só a gestão da espécie, mas também a própria atividade cinegética", alertou o ambientalista.

Segundo a lista de 2015 da UICN, hoje divulgada, mais de 40 espécies de aves encontram-se em “perigo crítico” de extinção no mundo.

O zarro, um pato mergulhador, passou para estatuto "vulnerável", e Samuel Infante refere que "há um problema também com a caça às espécies aquáticas", tendo a Quercus alertado para "o tipo de atividade que se faz, a forma como se caça, ao fim do dia", além de que os períodos de nidificação se sobrepõem à caça.

Também para o zarro, a Quercus pediu mudanças ao Ministério liderado por Assunção Cristas, mas ainda não foi bem-sucedida. Esta é uma espécie tradicionalmente da atividade cinegética, mas, "com este decréscimo populacional, não pode continuar a ser caçada", salientou.

"É consensual, até no próprio setor cinegético e há imensas associações de caçadores que estão a favor de uma moratória, não entendemos o que se passa com o Ministério", apontou Samuel Infante, apesar de reconhecer que "não é só proibindo a caça que se vai resolver o problema, mas é um sinal claro político".

O ambientalista referiu ainda espécies como o abutre do Egito, o rolieiro ou o chasco-preto, que também "continuam em declínio".

Outro exemplo positivo, além da águia imperial ibérica, é o abutre preto que esteve 40 anos extinto e, em 2010, voltou a nidificar em Portugal, existindo dez casais na área do Douro Internacional, em Castelo Branco e em Morão-Barrancos, resultado do aumento da população em Espanha e da redução dos fatores de risco.

Segundo a lista de 2015 da UICN, seis das 11 espécies de abutres africanos são os que enfrentam um perigo real de extinção, assim como aves marinhas e limícolas.

“Felizmente, 23 espécies melhoraram o seu estado de conservação e passaram a uma categoria com menor risco de ameaça”, refere em comunicado a organização.