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Tribunal de Castelo Branco começa a julgar caso do empresário da Covilhã que alega ter comprado Torá

O Tribunal de Castelo Branco começou hoje a julgar a ação intentada em tribunal por um empresário que diz ter adquirido uma Torá com 400 anos, que se encontra na posse do município da Covilhã.

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  • Publicado: 2017-06-26 14:19
  • Autor: Diario Digital Castelo Branco

O Tribunal de Castelo Branco começou hoje a julgar a ação intentada em tribunal por um empresário que diz ter adquirido uma Torá com 400 anos, que se encontra na posse do município da Covilhã.

Na primeira sessão de julgamento, o tribunal ouviu a primeira e mais relevante testemunha do processo, por ser, alegadamente, o autor do achado, cuja descoberta foi revelada em setembro de 2016.

A testemunha João José Leitão explicou na sala de audiências que teve a Torá (documento judaico), depois de a ter encontrado, durante alguns anos e que nunca deu valor.

"Encontrei-a há muitos anos e no início nunca dei valor. Andou a rebolar e tinha-o no sótão guardado. Tenho a peça [Torá] desde 1998/1999", frisou.

João José Leitão explicou que, antes de vender a Torá ao empresário e autor do processo, José Manuel Correia, mostrou-o a um arqueólogo que estava na Universidade da Beira Interior (UBI), que lhe pediu para fotografar o documento, e a outra técnica daquela instituição de ensino superior público, que o aconselhou e se ofereceu para limpar o Torá gratuitamente, para evitar a sua degradação.

Segundo a testemunha, mais tarde esta técnica pediu-lhe para deixar a peça numa exposição promovida pelo município da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, ao que acedeu com a condição de que a Torá lhe fosse entregue, uma vez que a doou ao filho.

Alegando dificuldades financeiras, João José Leitão vendeu a Torá ao empresário e autor do processo, José Manuel Correia, pelo valor de 100 mil euros, dinheiro esse que recebeu em numerário.

O empresário da Covilhã, que diz ter adquirido a Torá com 400 anos, intentou uma ação em tribunal para que a autarquia lhe entregue o documento que tem em sua posse, já que a Câmara considera que este documento judaico deve ser mantido no domínio público, dada a sua relevância cultural.

Durante a sessão, os advogados da Câmara da Covilhã optaram por uma estratégia de desacreditação da testemunha que alega ter encontrado o documento dentro de uma arca que terá vindo com o entulho de uma das muitas demolições que diz fazer.

Segundo a explicação dada pelo presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, à agência Lusa, a Torá tinha sido encontrada há cerca de 10 anos, durante a demolição de um edifício no centro da cidade, mas, na altura, o empreiteiro não terá tido consciência da importância do achado, limitando-se a guardá-lo.

Posteriormente, o empresário José Correia anunciou publicamente que tinha comprado a Torá ao alegado autor do achado e principal testemunha neste processo, João José Leitão, e que a transação já estava formalizada e registada em cartório.

Depois disso, contactou a autarquia, solicitando que a Torá lhe fosse entregue, mas como tal não ocorreu decidiu recorrer ao tribunal.

Torá é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh e que constituem o texto central do judaísmo.

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