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Incêndios: Comissão propõe incentivos à plantação de carvalhos e outras folhosas

A criação de um programa que promova uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas é proposta pela comissão técnica independente que analisou os fogos de junho na região Centro, no relatório hoje divulgado.

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  • Publicado: 2017-10-12 17:32
  • Autor: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

A criação de um programa que promova uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas é proposta pela comissão técnica independente que analisou os fogos de junho na região Centro, no relatório hoje divulgado.

A comissão recomenda a opção por “modelos de silvicultura que utilizem espécies de crescimento mais lento”, os quais “podem ser mais interessantes do ponto de vista da economia dos proprietários florestais”, embora impliquem “um período de espera” de vários anos.

Por isso, a comissão entende que deve ser igualmente criado um “programa específico que compense a perda de rendimento por alguns anos" com a opção por carvalhos, castanheiros e outras folhosas.

“Seria a forma de, num quadro de propriedade individual fragmentada, os proprietários e as associações de produtores florestais se poderem encaminhar para outros tipos de floresta, menos rentáveis numa perspetiva de curto prazo, mas que a médio e longo prazo poderão ser ainda mais rentáveis do que as atuais alternativas”, refere.

O documento, hoje entregue no parlamento, realça que o regresso à floresta autóctone, em detrimento do eucalipto e do pinheiro-bravo, teria “menor perigo de incêndio para as próprias florestas e para as aldeias existentes no espaço florestal”.

As folhas das espécies de folha caduca, “por terem um grande teor de humidade, não são propícias a fogos de copas e devem portanto ser consideradas em misturas com outras espécies ou em áreas estratégicas para contrariar a fácil propagação" dos incêndios.

Na sub-região do Pinhal Interior, onde ocorreram os fogos de Pedrógão Grande e Góis, entre 17 e 24 de junho, “modelos de silvicultura apropriados, com sobreiro e com medronheiro, têm demonstrado fazer parte integrante de uma solução em que a diversificação da floresta tem de ser um objetivo”, segundo as propostas do relatório.

“O abandono rural, refletido nas propriedades sem dono conhecido ou sem intenção de intervenção, e os grandes incêndios florestais como consequência constituem os maiores entraves à valorização do espaço e à necessária compartimentação da paisagem, que podem contribuir de forma preponderante para a contenção” dos grandes fogos.

A comissão defende a necessidade de “orientar as medidas de apoio ao desenvolvimento rural, de valorização do solo, e de diminuição do risco de incêndio de forma concertada e consequente no território, dirigidas fundamentalmente para apoiar” as pessoas que trabalham nessas zonas.

Outra das propostas é o desenvolvimento de “programas de alteração do uso do solo que promovam a gestão em detrimento do abstencionismo e economias puras de recoleção”.

Importa ainda trabalhar com os “utilizadores do território” tendo em vista a “constituição de formações arbustivas ou arbóreas com menor combustibilidade”, bem como a “adoção de práticas sustentáveis, de preferência produtivas, que reduzam o risco de incêndio”.

O fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho só foi extinto uma semana depois, tal como o incêndio que teve início em Góis (distrito de Coimbra). Os dois fogos, que se alastraram a outros concelhos e consumiram perto de 50 mil hectares em conjunto, mobilizaram mais de mil operacionais no combate às chamas.

O incêndio de Pedrógão Grande causou 64 mortos e mais de 200 feridos.

O documento hoje entregue no parlamento analisa os fogos ocorridos entre 17 e 24 de junho nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Arganil, Penela, Oleiros, Sertã, Góis e Pampilhosa da Serra, nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco.

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