O ex-ministro da Agricultura António Barreto gostava que a sua obra “Anatomia de uma Revolução” “não fosse” um livro maldito, e não espera que o Avante! dedique uma linha de crítica à sua reedição.
No total, foram ocupados mais de 1,1 milhões de hectares no Alentejo, Setúbal e concelhos dos distritos de Lisboa, Santarém, Faro e Castelo Branco.
O ex-ministro da Agricultura António Barreto gostava que a sua obra “Anatomia de uma Revolução” “não fosse” um livro maldito, e não espera que o Avante! dedique uma linha de crítica à sua reedição.
No total, foram ocupados mais de 1,1 milhões de hectares no Alentejo, Setúbal e concelhos dos distritos de Lisboa, Santarém, Faro e Castelo Branco.
Passados 30 anos sobre a sua primeira edição, em 1987, pelas Publicações Europa-América, o livro foi reeditado e António Barreto não lhe mudou uma vírgula, a ponto de ter ficado “uma ou outra gralha”.
Em entrevista à Lusa, o autor confessou ter ficado com a falta de reação ao livro – “acho que ninguém leu o livro na altura, nem a direita nem a esquerda”, apesar de ter “tantas revelações”.
É o próprio Barreto a tentar explicar os motivos possíveis para este alheamento.
“A direita não sai muito bem do livro, pela maneira como administrou o Alentejo, geriu, previu e preveniu” a revolução e a reforma agrária, além da forma como “muitos proprietários desapareceram e desinvestiram”.
A esquerda comunista também não, dado que “já tinha começado a perder”, na década de 80, quando o livro saiu, não gostava de perceber porquê.
Já os socialistas “também não, porque tinham uma sensação muito esquizofrénica” em relação á Reforma Agrária e ao livro.
“Toda a gente carregava o que se passou na Reforma Agrária como uma espécie de fardo de mau comportamento, antirrevolucionário, pré-revolucionário e revolucionário”.
Originalmente, o livro foi publicado pelas Publicações Europa-América, numa coleção que reuniu obras de Manuel de Lucena (Revolução e Instituições – A extinção dos Grémios da Lavoura alentejanos”, Maria José Nogueira Pinto (“O direito da Terra”) e Pacheco Pereira (“Conflitos Sociais nos campos do Sul de Portugal”).
Trinta anos passados, não acredita que o Avante!, jornal oficial do PCP, vá agora dedicar-lhe um artigo de crítica, por falta de sentido de humor.
“Não tem sentido de humor nenhum”, disse, fazendo a distinção relativamente a um jornal já encerrado, “O Diário”.
“Havia um jornal do PCP que era O Diário. Não sei se era por causa do diretor, Miguel Urbano Rodrigues, um homem teso, duro, dogmático, mas um homem culto e com muito sentido de humor. O jornal tinha sentido de humor e dizia coias engraçadas sobre mim, e de outras pessoas, sobre o Maldonado Gonelha, o Sottomayor Cardia”, descreve.
A Reforma Agrária arrancou no final de 1974, com as primeiras experiências de ocupação de terras, e ganhou força no ano seguinte, prosseguindo até 1976.
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