O anúncio publicado pela imobiliária ERA sob a referência 33.24557 indica que se trata de um "excelente investimento" na freguesia de Caria, "obedecendo a todos os requisitos necessários para a abertura de um lar de idosos" com 20 quartos e com "licenciamentos pagos".
Mas Amândio Melo considera o anúncio "um abuso".
"A escritura é clara: fizemos uma doação para construção de um lar de idosos, exclusivamente para esse fim, e as condições não foram cumpridas. Até já oficiámos a Santa Casa da Misericórdia de Belmonte com vista à reversão do terreno", anulando a doação.
O autarca garante mesmo que a construção (algumas paredes sem acabamentos) que já foi feita "não tem licenciamento. Nunca entrou nenhum projeto na câmara", garante.
Amândio Melo diz já ter pedido aos serviços da autarquia que a Misericórdia seja contactada e o anúncio retirado da Internet.
O provedor da Misericórdia de Belmonte, João Gaspar, disse à agência Lusa que a publicação de venda do terreno destinado ao Lar de Caria se deveu a um "mal entendido".
"Alguém me contactou e disse que havia um possível interessado no projeto. Houve um lapso em que a imobiliária ultrapassou o que conversámos", sublinhou.
Tiago Canedo, gerente da loja da Covilhã da imobiliária, disse à agência Lusa que o provedor da instituição solicitou a venda, mas terá pedido que a agência fosse "discreta", divulgando a oferta "apenas internamente" e "sem placas no local".
"Não foi acordado que o anúncio iria estar disponível na Internet, mas a qualquer altura se retira", adiantou.
Segundo João Gaspar, a situação financeira da Misericórdia de Belmonte não permite neste momento avançar com aquele lar, mas "há um clima de entendimento com a Câmara de Belmonte" para a entrega do terreno e da obra já feita.
Entendimento que Amândio Melo desmente. Segundo o autarca, o caso nem é inédito. "Já houve outra tentativa de fazer o mesmo com outro edifício", que a autarquia cedeu para uso social, mas que a Misericórdia se preparava para vender, referiu o autarca.
Amândio Melo alertou ainda para a situação financeira da instituição, que diz precisar de novos dirigentes.
"A Igreja já devia ter tomado uma atitude. Tem conhecimento da situação altamente deficitária através da câmara, funcionários e sindicatos e insiste em deixar que se mantenha a mesma mesa", órgão dirigente da instituição.
De acordo com o presidente da Câmara de Belmonte, o único acordo estabelecido com a Misericórdia foi o de que a autarquia vai encomendar um estudo de viabilidade financeira da instituição e qualquer medida dependerá dos resultados.
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