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Castelo Branco: Projecto Belgais na escola da Mata fecha

O projecto de ensino artístico de Belgais na escola do 1º ciclo da Mata, criado pela pianista Maria João Pires, vai fechar .

A Escola da Mata, perto de Castelo Branco, é frequentada por 40 alunos dos quatro primeiros anos do ensino básico, com os quais são desenvolvidas actividades artísticas e culturais no dia-a-dia.

Maria João Pires abandonou os cargos directivos do Centro de Estudos das Artes de Belgais depois de uma operação ao coração, em Março de 2006, para colocação de um "bypass".

Na altura, considerou haver uma "grande incompreensão" das autoridades portugueses face ao projecto a que dedicou vários anos.

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  • Publicado: 2009-06-15 08:41
  • Por: Cristina Valente
O projecto de ensino artístico de Belgais na escola do 1º ciclo da Mata, criado pela pianista Maria João Pires, “vai fechar devido a um arresto de bens e à falta de apoios”, disse uma das responsáveis.

Segundo Joana Pires, filha da pianista e responsável pelo Centro de Estudo das Artes de Belgais, após o encerramento da escola e do Coro Infantil, “não deve restar nada do projecto de Belgais iniciado pela minha mãe”.

Joana Pires revelou que os subsídios do Ministério da Educação (única fonte de financiamento) bem como o mobiliário e instrumentos da escola “estão arrestados”.

“Parece-nos ser uma acção movida por quatro ex-funcionários”, despedidos a meio do ano, e que, de acordo com Joana Pires, discordam das indemnizações que lhes foram pagas. O valor do arresto ronda “os 78 mil euros”, acrescentou.

“Despedimos funcionários para não termos que declarar insolvência a meio do ano. Perdemos patrocinadores e donativos e só lhes podíamos pagar o que o Ministério da Educação nos dava. Ficámos sem o resto do dinheiro que recebíamos”, fruto da crise financeira, justificou.

As tarefas foram redistribuídas por outros cinco trabalhadores, mais dois professores colocados pelo Ministério da Educação e outros dois professores de artes.

A Escola da Mata, perto de Castelo Branco, é frequentada por 40 alunos dos quatro primeiros anos do ensino básico, com os quais são desenvolvidas actividades artísticas e culturais no dia-a-dia. “Não sei para onde vão no futuro”, disse Joana Pires.

O Ministério da Educação atribui anualmente 170 mil euros à Associação de Belgais para desenvolver o projecto escolar, referiu.

Aquela responsável lamenta a falta de apoio na situação actual da Câmara de Castelo Branco, a cujo presidente pediu “apoio moral e uma garantia bancária para desbloquear o problema, negociada da forma que ele quisesse”.

“Mas o presidente foi gelado e disse que não tinha nada a ver com o assunto”, descreveu. “Não somos bem-vindos aqui”, referiu, sublinhando que com o encerramento da escola e do Coro Infantil, “não deve restar nada do projecto de Belgais iniciado pela minha mãe”.

A Agência Lusa tentou contactar o presidente da Câmara de Castelo Branco, mas tal ainda não foi possível. O Ministério da Educação remeteu um eventual comentário para mais tarde.

Maria João Pires abandonou os cargos directivos do Centro de Estudos das Artes de Belgais depois de uma operação ao coração, em Março de 2006, para colocação de um "bypass".

Na altura, considerou haver uma "grande incompreensão" das autoridades portugueses face ao projecto a que dedicou vários anos.

As dificuldades da Associação Belgais, um projecto da pianista Maria João Pires, "não implicam o fecho da Escola da Mata mas apenas a necessidade de encontrar outras formas de gestão do projecto educativo”, defendeu hoje o Ministério da Educação.

O Gabinete de Comunicação do Ministério da Educação referiu à Lusa que bloqueou os subsídios “por falta de comprovativo de despesas” e revelou que parte do financiamento tem servido para pagar dívidas da Associação à Segurança Social e Finanças.

O Ministério da Educação refere que a Escola da Mata “é uma escola pública integrada num agrupamento de escolas”. Ou seja, “as dificuldades da Associação não implicam o fecho da escola mas apenas a necessidade de encontrar outras formas de gestão do projecto educativo”.

Questionado sobre como avalia o Ministério o trabalho ali efectuado, a mesma fonte referiu que “o trabalho pedagógico sofreu este ano lectivo com a instabilidade do corpo docente”, sem mais acrescentar.

O Ministério garantiu à Lusa que “o que bloqueia os subsídios não é o arresto mas o facto de estes serem concedidos a partir da apresentação de despesa comprovada”.

“A Associação só conseguiu comprovar 32 por cento do valor que estava previsto para este ano lectivo”, cujo financiamento global aprovado rondou os 172 mil euros, referiu.

Por outro lado, a Associação “tem dívidas à Segurança Social e Finanças, que obrigam o Ministério a proceder a transferências de 25 por cento para cada uma destas entidades, dos montantes que tem vindo a transferir para a Associação”, acrescentou.

O Ministério da Educação garantiu ainda que o arresto do Tribunal de Trabalho de Castelo Branco “foi efectuado sobre equipamentos pertencentes à associação, não sobre o mobiliário básico da escola”.

“Não cabe ao Ministério encontrar soluções para problemas que estão sob a alçada de tribunais”, conclui.

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