Crise não se resolve “contra o Estado social”

O diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), José Reis, afirma que a crise não se resolve “contra o Estado social, mas com o Estado social”.

 

  • Economia
  • Publicado: 2013-03-06 07:47
  • Por: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

O diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), José Reis, afirma que a crise não se resolve “contra o Estado social, mas com o Estado social”.

Para José Reis, que participava num debate sobre “A segurança social pública – Defesa do Estado social e a sua sustentabilidade futura”, promovido pela FEBASE (Federação Nacional do Setor Financeiro), “as políticas sociais e o Estado social são condição para lançar o crescimento económico”, sem o qual não será possível vencer a crise.

É necessário “exatamente o contrário daquilo que tem vindo a ser feito, até agora” em Portugal, sustentou o economista, considerando que “é preciso mais Estado e investimento público, sobretudo no domínio das políticas sociais”.

A segurança social é “crucial para que vivamos com um mínimo de dignidade”, mas também para “relançar” a economia, como, de resto, está a fazer, por exemplo, o Japão, país que tem ultrapassado “crises complicadíssimas” porque possui “a agilidade institucional” e “a capacidade de ação” que a “decrépita Europa não tem”.

Portugal precisa de “um imediato ajustamento salarial, não apenas do ponto de vista social e da dignidade do trabalho”, mas também para relançar a economia, sublinhou o diretor da FEUC.

O antigo secretário de Estado da Segurança Social e deputado do PS Pedro Marques, outros dos participantes no debate, defendeu que “Portugal tem um dos sistemas [de segurança social] mais sustentáveis”, como reconhecem a Comissão Europeia, a OCDE e “até a agência de rating Fitch”.

A segurança social portuguesa “tem uma boa reserva (cerca de dez mil milhões de euros)”, que lhe permite “aguentar nesta fase”, mas o país “tem de voltar ao crescimento económico”, para poder assegurar a sustentabilidade da segurança social, advertiu Pedro Marques, salientando que “sem crescimento económico não há nenhuma política pública que resista”.

O Estado social “é o modo de defesa do próprio capitalismo” e “é perigoso este afrontamento ao Estado social”, afirmou o presidente do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), Manuel Castelo Branco, que também participou no encontro.

Assumindo-se como um “democrata-cristão” e politicamente de “direita”, Manuel Castelo Branco, afirmou-se “confortável a defender o Estado social”, lamentando que “a direita tenha esquecido a filiação do Estado social”.

“Só é legítimo ao Estado cobrar impostos, se essa cobrança se destinar ao Estado social”, disse Manuel Castelo Branco, considerando que a “carga fiscal” em Portugal “exige um Estado social a sério e não para pagar juros usurários a credores”.

Os impostos “sempre foram a alavanca das revoluções democráticas e pode ser que o FMI [Fundo Monetário Internacional] e o nosso Governo estejam a brincar com o fogo”, advertiu o presidente do ISCAC.

O debate de hoje, em Coimbra, foi no primeiro de um ciclo de conferências sobre a segurança social que a FEBASE está a promover, naquela cidade, no Porto e em Lisboa.

A FEABASE reúne os sindicatos dos bancários do Norte, do Centro e do Sul e Ilhas e os sindicatos dos Profissionais de Seguros de Portugal e dos Trabalhadores da Actividade Seguradora, todos filiados na UGT.

PUB

PUB

PUB

PUB