Teatro: “Os Maias”, de Eça de Queirós, voltam ao palco em Londres

O livro “Os Maias”, de Eça de Queirós, vai ser revisitado em Londres a partir de terça-feira pela companhia de teatro e cinema Galleon, dirigida pela portuguesa Alice de Sousa, que é autora do texto, produtora e atriz.

  • Cultura
  • Publicado: 2011-03-06 09:54
  • Por: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

A obra de Queirós já tinha sido levada à cena pela companhia, em 2002, e recebeu na altura várias críticas positivas da imprensa britânica.

Agora, a portuguesa, radicada há cerca de 30 anos no Reino Unido, decidiu reescrever o texto e incluir a personagem Afonso da Maia, para ser “mais leal” ao livro.

A produção terá uma parceria para promover a obra do escritor português com a editora Dedalus, que irá colocar um vídeo da peça na sua página de internet e vender o DVD da produção da Galleon.

Por outro lado, enquanto “Os Maias” estiverem em cena estará à venda no teatro a edição da obra em inglês, cuja tradução por Margaret Jull Costa foi premiada com o prémio Oxford Weidenfeld no Reino Unido e o prémio Pen Livro do Mês nos EUA, ambos em 2008.

Além de ter adaptado o livro para o teatro, Alice de Sousa, que é diretora artística da companhia que fundou em 1988 com Bruce Jamieson, também é produtora e atriz, mas o resto do elenco é britânico.

“Tenho tido muito cuidado para ter rigor na maneira como as personagens são representadas e se expressam e também criar algum rigor sobre Portugal no século XIX”, afirmou à agência Lusa.

A “experiência” e “disciplina” de 25 anos de carreira ajudam-na a lidar com as várias competências, enquanto confia no encenador e também marido para “filtrar” o texto para a audiência britânica.

“Apesar de não ser português, o Bruce entende e ajuda no trajeto de trazer algo de Portugal e comunicar com público que não conhece o país tão bem como ele conhece”, vincou.

A dupla tem sido responsável pela apresentação na capital britânica de peças de autores e temas portugueses na última década.

Produziram “O Primo Basílio”, também de Eça de Queirós, “A Morgadinha dos Canaviais”, de Júlio Dinis, “O crime da Aldeia Velha”, de Bernardo Santareno, e as histórias de Inês de Castro e Aristide de Sousa Mendes.

Além de autores portugueses, a companhia também levou ao palco clássicos britânicos e internacionais, como “King Lear”, “Richard III” e “Hamlet”, de Shakespeare, “Hedda Gabler” e “A Casa de Bonecas”, de Henrik Ibsen, ou “A Gaivota”, de Anton Chekhov.

A peça fica em cena até 03 de abril na Greewnich Playhouse, uma pequena sala por cima de um pub em Greenwich, no leste de Londres.

“É um espaço pequeno e íntimo”, descreve Alice de Sousa, que lamenta o fim do financiamento que antes recebia da Fundação Gulbenkian.

Mesmo assim, obteve o apoio do Instituto Camões para um projeto que considera “de grande risco”, mas que encara como uma missão.

“Existe uma grande comunidade de portugueses em Londres mas a nossa cultura não é muito frequentemente representada”, deplorou.

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