Diário Digital Castelo Branco - Proença-a-Nova: Rentabilidade do pinheiro bravo permite criar futuro diferente para a espécie Di�rio Digital Castelo Branco - Not�cias num Clique

Proença-a-Nova: Rentabilidade do pinheiro bravo permite criar futuro diferente para a espécie

Confirmando o interesse que o setor florestal tem para a economia regional e nacional, mais de 200 pessoas participaram na conferência que teve lugar este sábado, dia 21, no Centro Ciência Viva da Floresta (CCVFloresta), em Proença-a-Nova, dedicada ao tema “Floresta e Território: Riscos, Economia e Políticas”.

  • Região
  • Publicado: 2015-03-23 08:04
  • Por: Diario Digital Castelo Branco

Confirmando o interesse que o setor florestal tem para a economia regional e nacional, mais de 200 pessoas participaram na conferência que teve lugar este sábado, dia 21, no Centro Ciência Viva da Floresta (CCVFloresta), em Proença-a-Nova, dedicada ao tema “Floresta e Território: Riscos, Economia e Políticas”.

Organizada pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), em conjunto com a Câmara Municipal de Proença-a-Nova e o CCVFloresta, esta iniciativa teve precisamente como objetivo debater questões fundamentais sobre um dos principais recursos endógenos do país, com especial incidência no pinheiro bravo. João Paulo Catarino, presidente da CIMBB e do município anfitrião, considera que o pinheiro bravo será uma cultura inviável se for utilizada exclusivamente, ou quase, na produção de energia. “A importância desta indústria no passado, no presente e no futuro é inquestionável. Contudo, terá de ser complementada com uma indústria que transforme, com inovação, médios e grandes diâmetros e complementada também com a resinagem”, salientou.

Durante a conferência, muitos foram os motivos apontados para um presente menos otimista para esta espécie, todos ligando de forma estrutural floresta e território: face à tendência de despovoamento das zonas rurais, a floresta é das primeiras a sofrer as consequências da desertificação e do progressivo envelhecimento da população do interior pois, não sendo limpa com tanta regularidade, torna-se mais vulnerável a incêndios florestais de grande dimensão que dizimam tanto as propriedades limpas, como as que estão abandonadas. Adicionalmente, os fenómenos migratórios e emigratórios colocaram novas gerações longe das raízes dos seus antepassados, deixando de cuidar e valorizar os seus terrenos de floresta, contribuindo para a problemática do cadastro, quando se estima a existência de um milhão de hectares de terrenos privados abandonados.

A presidente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas referiu precisamente que apenas 2,5 % das propriedades florestais pertencem ao Estado e a outras entidades públicas, sendo os restantes possuídos por comunidades locais e entidades privadas. “Atendendo ao regime de propriedade privada dominante, a melhor política de gestão das florestas para valorizar a sua função de conservação da natureza e de salvaguarda da biodiversidade passa obrigatoriamente por garantir a viabilidade económica dos sistemas de produção”, afirmou Paula Sarmento. “Só assim é que a floresta pode cumprir o seu desígnio”.

Ao longo dos diferentes painéis da conferência, deram-se pistas que explicam o atual estado da floresta portuguesa, os métodos de gestão disponíveis, novas metodologias na prevenção dos incêndios florestais, formas de valorização dos recursos florestais, como a biomassa ou, mais importante ainda, a recuperação da resinagem, cuja extração torna o pinheiro bravo uma das culturas florestais mais competitivas do país e a única que permite um rendimento anual periódico ao proprietário.

A encerrar a conferência, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro chamou a atenção para a necessidade de ocupar o território, requalificar as pessoas e incentivar o investimento na fileira. Ana Abrunhosa elencou uma série de medidas previstas no próximo Quadro Comunitário de Apoio (em vigor até 2020), nomeadamente o PDR que define os instrumentos de apoio financeiro para esta fileira, que abrangem áreas como a proteção e reabilitação do espaço, a prevenção do risco de incêndio e ações de estabilização nas fases posteriores aos fogos florestais bem como apoios para a beneficiação da floresta.

“Constata-se que as fileiras florestais que produzem sustentabilidade para todos os seus agentes criam riqueza para os seus proprietários e para o território. No caso do pinheiro bravo, precisamos de complementar a indústria atual com indústria inovadora que crie produto final com valor acrescentado, de forma a remunerar todos os agentes da fileira, incluindo os proprietários”, sintetizou o presidente da CIMBB. No final da conferência, João Paulo Catarino destacou o facto dos participantes na conferência terem escolhido assinalar o Dia Internacional das Florestas promovendo um debate que se espera dinamizador da floresta. “Levámos deste dia, acima de tudo, a esperança de que podemos mudar para melhor a valorização do pinheiro bravo que é, indiscutivelmente, uma espécie com futuro”.

 

PUB

PUB

PUB

PUB