Livro: Do Cacine ao Cumbijã - Memorias de um Alferes na guerra da Guiné

Começou por ser uma forma de “lançar para o papel” as angustias de quem esteve na guerra do Ultramar. Guilherme Ganança, autor do livro “Do Cacine ao Cumbijã” diz que após a chegada do ultramar, os militares querem esquecer o que lá passaram, mas a verdade é que 40 anos depois há recordações, “fantasmas” como lhe chama o autor, que não desaparecem e continuam a atormentar.

  • Cultura
  • Publicado: 2011-08-18 19:13
  • Por: Cristina Valente

Começou por ser uma forma de “lançar para o papel” as angustias de quem esteve na guerra do Ultramar. Guilherme Ganança, autor do livro “Do Cacine ao Cumbijã” diz que após a chegada do ultramar, os militares querem esquecer o que lá passaram, mas a verdade é que 40 anos depois há recordações, “fantasmas” como lhe chama o autor, que não desaparecem e continuam a atormentar.

Passar essas recordações para o papel foi uma forma de exorcizar os fantasmas “aliviou-me “ confessa Guilherme Ganança.

No longo processo de escrita os textos, as recordações eram partilhadas com familiares e amigos, e o romance histórico nasceu “eu e outras pessoas começamos a pensar que era possível transformar as memórias num livro” ao real juntou-se a ficção e nasce esta história do alferes Gabriel “o real são os factos que são a linha condutora do livro” explica o autor “a ficção é o cimento que vai ligando os factos e que vai deixando transparecer as emoções, sentimentos e vivencias num teatro de guerra”.

E porque neste romance a ficção e a realidade se cruzam muitos dos que estiveram no Ultramar, nomeadamente na Guiné vão rever-se na história “o livro é a minha história, mas concerteza que muitos dos camaradas que lá estiveram vão lembrar-se da sua própria história”.

O próximo passo é “trazer o Alferes da Guiné” diz Guilherme Ganaça. O livro, apresentado na semana passada em Castelo Branco, conta a história da ida para a guerra, mas esse jovem voltou e o autor quer também contar essa parte da história “a continuação deste livro vai contar a história do Alferes a partir do momento em que ele se apercebe que é possível voltar a casa” a angustia de ver o tempo passar, já em contagem decrescente para o regresso, é tão grande como a que leva um jovem quando parte para a guerra “esse trabalho, livro, já está todo feito, está escrito, estruturado falta apenas limpar, tirar o que está a mais”.

Amigos encheram auditório da Biblioteca

Numa sala recheada de amigos, Guilherme Ganança convidou alguns camaradas de guerra para estar presentes no lançamento do livro. O Tenente Coronel Filipe Ferreira Lopes, que esteve na Guiné com o autor do livro, destacou a importância de livros como este que falam desses anos marcantes na história de Portugal “para além de felicitar o autor, temos que agradecer-lhe, porque são estes livros que ajudam a fazer a nossa história”.

800 mil homens estiveram na guerra do Ultramar, Filipe Lopes diz que deverão estar editados cerca de 100 obras sobre o acontecimento, e por “ser muito pouco” o Tenente Coronel considera “notável o livro de Guilherme Ganaça”.

Joaquim Morão, que trabalhou com o autor na Câmara de Castelo Branco, destacou o seu profissionalismo e a marca que deixa na cidade, não só com a publicação deste livro, mas com o seu trabalho em prol da cidade.

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