O desejo frenético de ascensão social, muitas vezes a todo o custo, revela uma lacuna na nossa educação ética e moral.
É vital reconhecer a importância de não ser um mero trepador social, de não se sobrepor a outros indivíduos meramente pelo desígnio de alcançar o pódio. Esta é uma urgente e necessária atitude introspetiva que nos desafia a refletir profundamente sobre a natureza e desígnio do que é ser humano e sobre o que realmente significa ser bem-sucedido.
Perante uma absurda esquizofrenia eclética, pregada por neuróticos do sucesso, adeptos do culto da imagem para consumo social, da cultura fanática “do ser alguém”, é urgente educar as novas gerações, com maior ênfase na aceitação cultural do valor da derrota. Sim falo dessa derrota que a todos assusta aceitar e enfrentar como algo pessoal.
Numa era marcada pela incessante procura de reconhecimento e pela insaciável ambição de sucesso, urge a necessidade de (re)educar as novas gerações, fomentando uma perspetiva positiva sobre a derrota e o fracasso. Mais do que uma simples contrariedade, a derrota é uma essência rica e multifacetada, que encerra em si mesma, inúmeras oportunidades de aprendizagem.
Nos dias de hoje mais do que nunca, impõe-se a imperiosa reflexão sobre o valor da humildade e da integridade. Cada vez mais, perante este mundo de vencedores vulgares e desonestos, de prevaricadores audazes, de falsas moralidades, e exímios oportunistas, é imperioso voltar-se para os valores do genuinamente importante.
A sociedade contemporânea tende a estar obstinadamente focada na conquista, frequentemente ignorando os meios utilizados para alcançar os seus fins. É neste contexto que se impõe a valorização da derrota, não como um mero tropeço, mas como uma oportunidade exímia de aprendizagem, uma chance de consolidação da identidade e de reconstrução e/ou fortalecimento do caráter.
Estamos, infelizmente, imersos num mundo onde pululam vencedores que exalam vulgaridade e desonestidade, onde a prevaricação e a falsa moralidade se tornaram a primeira escolha para muitos. No meio desta tempestade de oportunistas e neuróticos do sucesso, ressoa a necessidade de uma pausa, de uma introspeção que permita desvelar o verdadeiro valor de uma derrota honrosa.
Perante um constante rol de exibições e culto ao estereótipo da “pessoa importante”, que ocupa um cargo de poder, que representa o sucesso mediático, numa cultura do imediato e descartável, em ondas de comportamentos sociais que avassalam e envenenam o presente, sem sequer pensar nas suas consequências no futuro. Prefiro perder, sem hesitação, mantendo a minha dignidade intacta, do que triunfar através de métodos insidiosos e cruéis. Poder-se-ia considerar esta inclinação como uma falha; todavia, atrevo-me a proclamar, com audácia, que tal falha é, no íntimo de cada um que a carrega como valor, uma das virtudes de maior sublimidade.
Diante desta visão antropológica do vencedor, torna-se quase um bálsamo para a alma abraçar a figura do perdedor. Não no sentido pejorativo da palavra, mas como símbolo de integridade, de coragem e de genuína humanidade.
É, ou deveria ser, a nossa prioridade, enquanto sociedade, reconfigurar o modo como educamos as futuras gerações. A educação de todo o indivíduo, deve assentar sobre pilares verdadeiramente humanos, pois só esses são dificilmente derrotados por modismos ou crises existenciais. Só essa genuinidade, em que assenta, uma educação que prioriza valores éticos e morais, cria a capacidade de dotar todo o ser humano de conseguir compreender o inestimável valor escondido nas sombras da derrota, e perceber que dela se emerge mais sábio, mais humano e, sobretudo, íntegro.
Neste efémero frenesim da modernidade, onde a glória muitas vezes é esculpida na frágil pedra da superficialidade, urge um retorno à essência intrínseca da nossa humanidade. Os reveses e desaires, mais do que meros tropeços, devem ser vistos como marcos silenciosos da nossa evolução. Aos vindouros, que se tornem aprendizes destas subtis veredas da vida, reconhecendo que na sombra da derrota muitas vezes reside a dura, mas pura fonte do carácter e da sabedoria.
Devemos, enquanto fazedores do amanhã, cultivar nos jovens o discernimento que lhes permita ver na derrota, não um mero tropeço, mas uma oculta fonte de sabedoria e uma janela para valores puros e intemporais da condição humana.
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