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O planeta não precisa de ser salvo

Pensa-se na salvação do planeta. Diz-se que só há um planeta que se não mudarmos de comportamentos, ele se extinguirá, apela-se à mudança em prol da sua derradeira preservação.

  • Opinião
  • Publicado: 2023-10-02 14:47
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

Até nisto o ser humano vive num pedestal de egoísmo que o impede de ver com clareza que quem está em risco não é o planeta, somos nós, é a própria espécie humana que está em risco de extinção. Provavelmente levaremos connosco a maioria da vida como a conhecemos atualmente, mas não extinguiremos a vida e muito menos o planeta.

Obrigaremos sim, ao ecossistema como um todo, a transformar-se de tal forma que seja inviável a vida para muitas das espécies, entre as quais, nos encontramos. Apenas isso, nada mais.

Portanto, devemos apelar a todos e cada um de nós, para a necessidade, de se salvar a si, e aos seus. Mas como trazer o ser humano a tamanha façanha, de um estado de consciência sobre a sua situação e tornar viável a sobrevivência da espécie. Travar o suicídio coletivo que estamos a cometer?

Já não há muito tempo. Quando pensamos nisto, até podemos saber que há uma certa verdade, mas acreditamos que seja exagerada, a urgência que os cientistas afirmam ter de colocar em ação, por estarmos à beira do início dos fenómenos que nos levarão a essa extinção. Pensamos que isso já não será um problema nosso que, na realidade, não seremos nós a ter de herdar tamanho problema, nem as próximas gerações.

Estão enganados todos os que assim pensam. Os sinais, já não são sinais, são evidências, sob a forma de fatos e ocorrências. As alterações climáticas resultantes das ações desenfreadas do homem sobre o ecossistema, estão a mostrar-nos, a cada dia que passa, o que não queremos ver: secas onde antes havia água; inundações onde antes, tudo era passível e capaz de suportar vida organizada da forma que a entendemos.

Estas, são amostras. Apenas um começo das consequências do que iremos enfrentar. Invadimos ecossistemas que estavam isolados, onde existiam organismos e perigos que estavam hermeticamente afastados da possibilidade de causar desequilíbrio da vida que a própria evolução permitiu que se manifestasse.

Vivemos uma pandemia que nada mais é do que uma amostra do que teremos de enfrentar.

Os processos de desgelo que ocorrem, libertam milhares de microrganismos, bactérias, vírus e outros perigos que estavam isolados há milhares, senão milhões de anos. Invadimos a natureza que guarda segredos e nos mantém protegidos de perigos inimagináveis, aos quais, nenhuma ciência do homem, terá a competência de vencer.

Estamos a brincar com as nossas próprias vidas e de outros seres vivos. Enganam-se os que julgam que o planeta vai sucumbir a nós. Seremos extintos, tal como outras espécies, o foram no passado. A terra sobreviverá e reorganizar-se-á, concebendo condições para que outras formas de vida surjam, se desenvolvam e permaneçam, até ao dia em que, como nós, surja na terra, outro predador que precise ser extinto, ou em alternativa, perante os sinais, se ajuste e permita que o planeta mantenha, as condições que possibilitem a sua existência.

Já é tarde, muito tarde, mas ainda é possível. A escolha é nossa, e se muitos há, que não têm, nem querem ter consciência da gravidade, da urgência de tudo isto, do pouco tempo que temos para o ponto de não-retorno, outros teremos de agir por todos e colocar-nos em marcha, numa derradeira tentativa de salvar um ecossistema que caso seja mais alterado, mudará para sempre e condenará a humanidade à extinção.

O planeta não precisa de nós, somos nós, seres humanos que precisamos que ele exista desta forma, nesta atual configuração, permitindo que a vida que conhecemos, seja possível assim, por conseguinte, que nos seja possível continuar a existir.

Somos nós que precisamos de ser salvos, não o planeta.

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