“Tarde Azul, o Universo Amoroso de Julio/Saúl Dias” é o título da exposição do pintor Julio, poeta Saúl Dias, que vai estar patente ao público no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, até abril de 2024.
A exposição, que encerra as comemorações dos 120 anos do nascimento do pintor Julio, poeta Saúl Dias, é inaugurada no próximo dia 25 e vai estar patente ao público, em Castelo Branco, até ao dia 07 de abril de 2024.
Trata-se de uma organização conjunta da Câmara Municipal de Castelo Branco e da Galeria Julio Centro de Memória da Câmara Municipal de Vila do Conde, detentora do espólio do artista, comissariada pela crítica de arte e poeta Maria João Fernandes e pelo poeta Gonçalo Salvado, ambos autores da primeira e única antologia de poesia de amor de Saúl Dias e de desenhos de Julio com a mesma temática: Tarde Azul (2008).
“Julio oferece-nos a vibração uníssona com os arquétipos de uma simplicidade mágica que floresce apenas ao sol e à luz do amor. Diálogo da palavra e do arabesco, expressão alquímica de mágica síntese, a sua obra apresenta-se uma vez mais, como a resposta do sonho, alternativa aos erros da civilização, para ser vivida e amada, como só os grandes criadores, e raros o foram ou o são, nos oferecem”, refere Maria João Fernandes, numa nota enviada à agência Lusa.
Em 2013, como comissária da exposição “Artistas Poetas e Poetas Artistas Poesia e Artes Visuais no Século XX em Portugal”, levou Julio, considerado o precursor da arte moderna em Portugal, à Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, integrado no contexto dos maiores nomes desta tendência marcante da cultura portuguesa e europeia.
Maria João Fernandes é ainda a autora da primeira monografia editada em 1984 pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda sobre o artista: Júlio/Saúl Dias, o Universo da Invenção (reeditada em 2004 com um novo título: Julio Saúl Dias, Um Destino Solar).
Citado no documento, Gonçalo Salvado comissário-adjunto da exposição, explica que “esta pretende tornar mais visíveis, depurando-as, as linhas de força da sua essencialidade, um amor nunca totalmente carnal, mas orientado para a transcendência, marca fundamental do lirismo português com raízes profundamente platónicas e bíblicas”.
“No imaginário de Julio/Saúl Dias a mulher surge na sua pura e sã carnalidade e ao mesmo tempo transfigurando-se em aparição e epifania, dom supremo da própria vida, sinal de radiosa presença, sempre inalcançável. Demanda perene de um paraíso que nunca se perdeu porque só no sonho verdadeiramente se revelou”, sintetiza o poeta.
A mostra tem como novidade alguns aspetos originais e inédito, como o diálogo da arte contemporânea com as artes tradicionais, representadas por uma Tapeçaria de Portalegre realizada sobre uma aguarela da “série Poeta” de Julio, pela primeira vez exposta, e por uma Colcha de Bordado de Castelo Branco, presente em fundo, na reconstituição do ateliê do artista, onde se encontrava, e estabelecendo o vínculo da sua estética com a cidade que acolhe a exposição.
“No contexto de uma mostra bibliográfica da coleção particular do poeta Gonçalo Salvado, serão expostas as primeiras e raras edições da poesia de Saul Dias, com destaque para aquela que o artista dedicou a seus pais”, lê-se na nota.
Neste evento, vai ainda ser pela primeira vez exposto, o desenho de Julio que ilustrou a capa da Obra Poética de Saúl Dias, distinguida ‘ex aequo’ com António Ramos Rosa, em 1980, com o Prémio da Crítica Literária.
A exposição integra-se no conjunto de homenagens a grandes mestres da arte portuguesa do século XX português já patentes no Museu Tavares Proença Júnior de Castelo Branco, de Alfredo Keil e Vieira da Silva a Nadir Afonso e Costa Pinheiro.
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