Num mundo onde as alterações climáticas representam um dos maiores desafios para a humanidade, a urgência de adotar estratégias eficazes de descarbonização nunca foi tão crítica.
A transição para uma economia de baixo carbono requer a adoção de abordagens inovadoras que não apenas satisfaçam as rigorosas regulamentações ambientais, mas também promovam a sustentabilidade e a proteção dos ecossistemas naturais.
Mundialmente, emitimos 51 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) anualmente. Segundo o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), para retirar estes 51 mil milhões de toneladas de CO2e, precisaremos, por um lado, reduzir as emissões nas suas fontes, ao mesmo tempo, garantir que os ecossistemas naturais, continuem a capturar CO2e ao nível de absorção que existia na terra no ano 2000, ou seja, precisamos de recuperar, pelo menos, todos os ecossistemas que têm sido degradados desde então.
O custo por tonelada de CO2e a ser retirado, previsto a partir da média entre os custos das tecnologias de captura de GEE e soluções baseadas na natureza, foi calculado em 100 euros por tonelada/ano, até 2050. O que representa um custo global/anual de 5,1 mil milhões de euros.
Descarbonização das economias: A dimensão do desafio é equivalente ao tamanho da oportunidade de mercado, para quem entregue as soluções.
Devido à enorme complexidade, enfrentar com sucesso o problema da redução das emissões e a proteção dos ecossistemas, exige estratégias abrangentes de descarbonização que devem incluir a integração de tecnologias avançadas, como a Captura e Armazenamento de Carbono (CAC), com sistemas robustos de medição, registo e verificação (MRV) suportados por tecnologias emergentes como IoT, DLT (Distributed Ledger Technology) e Inteligência Artificial (IA). Estas tecnologias proporcionam a rastreabilidade, verificabilidade e contabilidade necessárias para assegurar a conformidade com os regulamentos europeus, enfrentando assim os aspetos críticos das emissões de gases de efeito estufa e da degradação ambiental dos ecossistemas da terra.
Tal complexidade exige a constituição de estratégias, assentes em abordagens múltiplas e a seleção destas, deve sempre ter em conta o contexto e realidade económica, social e cultural de cada região onde se pretende intervir. Estas podem ocorrer de diferentes formas, uma delas, é feita através de instalação e lançamento de iniciativas de descarbonização, estudadas e adaptadas às regiões, estrategicamente, de forma a permitir beneficiar do impacto do desenvolvimento desse ecossistema de inovação, que pela sua natureza, proporciona.
A sua criação, gera frequentemente, na região onde ocorre, um cluster tecnológico que pode servir como um modelo replicável e expansível para a descarbonização de setores industriais, comerciais, de serviços e atividades urbanas, noutras regiões. O seu sucesso quase sempre depende da colaboração entre instituições locais, académicas e empresas. Este, tem sido um fator determinante para fomentar o resultado necessário para acelerar a inovação e a cooperação exigidas.
Além das tecnologias de CAC, é importante incorporar práticas de conservação ambiental através de dinâmicas concertadas de créditos de carbono e biodiversidade, de forma a promover mecanismos de incentivo e valorização das ações de boas práticas de preservação e uso do solo. Estas estratégias permitem não apenas a redução de emissões, mas também promovem a preservação dos ecossistemas naturais, alinhando-se com os objetivos do Green Deal europeu e do Acordo de Paris. A implementação destas abordagens numa região específica precisará sempre da existência de planos estratégicos e operacionais coordenados, assim como, garantir o apoio inequívoco do poder local e académico, contribuindo para a criação de clusters de inovação.
A visão estratégica por trás de tais iniciativas não se limita apenas à conformidade regulatória ou à mitigação das alterações climáticas. Visa também a criação de postos de trabalho, em áreas emergentes e altamente qualificados, promovendo o crescimento económico, através do desenvolvimento desses, a partir do surgimento dessas tecnologias e sua aplicabilidade no mercado. O potencial de criação de novos postos de trabalho reflete o potencial de crescimento e a importância de tais iniciativas para as economias locais e nacionais.
Quando enfrentamos desafios sem precedentes, é mais importante do que nunca que as regiões de Portugal, decisores políticos e a opinião pública reconheçam a importância e o potencial deste tipo de soluções para a descarbonização das economias. A adoção deste tipo de abordagens holísticas e inovadoras, não só permitirá cumprir os requisitos regulamentares, mas também conduzirá, as regiões que tenham suficiente visão para os entender e implementar, a um futuro mais próspero, sustentável e resiliente.
Para isso, é fundamental que todos os stakeholders se unam em apoio a estas iniciativas, trabalhando juntos para combater as alterações climáticas, e ao desenvolver as economias locais a partir da criação de novos clusters tecnológicos de baixo carbono, promover um mundo mais verde e sustentável para as gerações futuras.
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