Pela sua importância e grandiosidade, a pedido do Museu do Santuário de Fátima, o Museu de Arte Sacra da Covilhã cedeu temporariamente, pelo prazo de um ano, a escultura de Cristo Crucificado.
A peça do século XVIII foi manuseada e transportada por técnicos especializados em obras de arte, sob coordenação de um representante do Museu de Arte Sacra, para integrar a exposição “Servir, a única pregação”, que irá estar patente ao público na Basílica da Santíssima Trindade, em pleno recinto do Santuário de Fátima, de 30 de novembro de 2024 a 15 de outubro de 2025.
A referida escultura irá estar lado a lado com obras de artistas como Artur Bual, Laranjeira Santos, Jorge Barradas, Ana Lima-Netto, João de Sousa Araújo, Luiz Cunha, António Teixeira Lopes, Clara Menéres, Paulo Neves, Pedro Calapez, Lígia Rodrigues, entre novas criações realizadas especialmente para esta exposição.
Com esta cedência pretende o Município da Covilhã partilhar esta interessante peça com um público mais vasto, sendo de salientar que a última exposição temporária do Santuário de Fátima ultrapassou os 400.000 visitantes.
A exposição “Servir, a única pregação”, inserida na comemoração do centenário da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima, estrutura-se a partir do diálogo entre obras de arte sacra antigas e contemporâneas, destacando a missão do serviço como elo central de união entre Deus, a Igreja e a humanidade. Reparte-se em sete núcleos e é no primeiro deles, “O púlpito e a Cruz”, que, após a passagem sob uma réplica do púlpito da igreja de Santa Cruz de Coimbra, entramos numa câmara inteiramente destinada ao crucifixo da Covilhã e a alguns jarros com que, no posto de socorros do santuário, os Servitas lavam os pés os peregrinos, depois destes terem caminhado longas distâncias.
A exposição “Servir, a única pregação”, pode ser visitada no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, diariamente, das 09:00 às 13:30 e das 14:00 às 17:30, até ao dia 15 de outubro de 2025.
A escultura de Cristo Crucificado do Museu de Arte Sacra da Covilhã
A escultura de Cristo Crucificado, do século XVIII, de grandes dimensões, 296cm x 198cm, em madeira policromada, constitui, no Museu de Arte Sacra da Covilhã, o elemento estruturante da exposição permanente, ao ser apresentado como fonte dos Sete Sacramentos que são responsáveis pela distribuição das peças em contexto expositivo. Será substituído, durante este período de ausência, por uma reprodução fotográfica.
Esta escultura possui ainda um historial que a torna num dos principais símbolos da comunidade covilhanense, sobretudo no que concerne à memoria das Invasões Francesas.
Pertenceu inicialmente à Congregação da Ordem Terceira de São Francisco da Covilhã, cuja casa de despacho estava instalada no convento de São Francisco da mesma cidade e depois à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Em 1899, Moura Quintela refere-nos sobre esta imagem que “Em Sexta Feira Santa é igualmente exposto um Senhor Crucificado, que está na sacristia da Ordem Terceira, que é de um trabalho e de um tamanho singular! Quando os franceses estiveram aqui, diz o povo da Covilhã, que ao verem esta imagem recuaram assustados!”.
Em 1911, com a lei de Separação do Estado e da Igreja, a imagem originará alguns conflitos em relação à sua propriedade. A Ordem Terceira, em ofício enviado à Junta da Paróquia, datado de 4 de fevereiro de 1918, reclama a posse do crucifixo, o que origina a resposta, de que por não constar dos inventários esta deveria ser diretamente reclamada ao pároco. O crucifixo deverá ter sido devolvido à ordem Terceira e colocado na sua casa de despacho, dependência que mais tarde se tornaria na sacristia da igreja paroquial e onde permaneceu até 2011, data em que a Paróquia permitiu o seu depósito no Museu de Arte Sacra da Covilhã.
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