O Dia Mundial da Oliveira, comemorado a 26 de Novembro, foi este ano assinalado com diversas iniciativas promovidas pelo Município da Sertã e pela Associação de Produtores do Concelho da Sertã (APROSER), nos dias 26 e 30 de Novembro.
A Casa da Cultura da Sertã acolheu, no dia 26, a mesa redonda “Azeite: Cultura, Tradição e Inovação", que contou com intervenções de Cristina Nunes, Vereadora da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Antunes, da APROSER, Augusto Nogueira, Coordenador da Pinhal Maior – Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul, Fernanda Ramalhos, da Mercearia do Largo, Joana Pereira, da Casa Ti’Augusta/Aldeias de Xisto, e ainda Ana Carrilho, azeitóloga da Herdade do Esporão. A moderação foi da responsabilidade de Marta Martins, Chefe de Unidade de Arquivo e História Local da Câmara Municipal da Sertã.
A aposta do Município da Sertã na promoção e divulgação dos produtos endógenos, de que o azeite é produto de destaque, foi salientada por Cristina Nunes, da Câmara Municipal da Sertã. A vereadora frisou a recente participação do município, com diversos produtos locais, entre os quais vários azeites do concelho, na Feira Internacional em Gijón, Espanha. A autarca frisou ainda o empenho da autarquia na educação ambiental: “é fundamental apostar na educação dos mais novos, dando-lhes a conhecer o Ciclo do Azeite”, um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas escolas.
Carlos Antunes, representante da APROSER, apresentou três exemplos de azeite certificado, produzido no concelho da Sertã, “ciente de que se trata apenas de uma pequena amostra do que se produz no concelho”, salientando a “excelente qualidade” dos mesmos. Enquanto representante da entidade promotora desta iniciativa, que vai na segunda edição, Carlos Antunes sublinhou a importância desta comemoração, como uma oportunidade para dar a conhecer e valorizar os azeites sertaginenses, dando-lhes visibilidade.
Ana Carrilho, azeitóloga da Herdade do Esporão, classificou o azeite português como “o melhor do mundo”, frisando que as variedades portuguesas não são as mais produtivas, “o que potencia a cultura de outras variedades de azeitona”. A azeitóloga explicou: “o azeite português é sobretudo proveniente da azeitona galega, cordovil e negrinha do freixo, variedades que estão em vias de extinção e que distinguem o azeite português”.
Fernanda Ramalhos, da Mercearia do Largo, referiu a forte adesão na procura de produtos endógenos da Sertã, sobretudo do azeite: “as pessoas procuram os produtos locais, fazem questão de levar um produto da Sertã quando nos visitam”. Em relação à cadeia de abastecimento, a empresária destacou “a estreita ligação com os produtores” como um dos segredos para “trazer os melhores produtos até ao consumidor”, concluiu.
Joana Pereira, da Casa Ti’Augusta/Aldeias de Xisto, enquanto proprietária de um restaurante, frisou a importância do azeite na gastronomia portuguesa e aproveitou para partilhar a ideia de uma carta de azeites: “como temos a carta de vinhos, devemos ter uma carta de azeites, porque o azeite não é todo igual”. “Há azeites que, pelas suas características, se adequam mais a pratos frios ou quentes, a salgados ou a doces, é uma perspetiva que está por explorar”, frisou.
O projeto de agricultura biológica “BioBerço da Lusitânia”, esteve em destaque na intervenção de Augusto Nogueira, Coordenador da Pinhal Maior, que salientou o facto do consumo de produtos biológicos pelos mais velhos estar relacionado com “a preocupação com questões de saúde”, enquanto que “o foco dos mais novos é direcionado para as questões ligadas à sustentabilidade e ao ambiente”. Augusto Nogueira aproveitou a ocasião para dar a conhecer o lagar de Sobreira Formosa, em Proença-a-Nova, recentemente recuperado e inaugurado: “este lagar constitui uma mais-valia para os produtores, uma vez que permite a extração de azeite tanto em modo biológico como através dos meios tradicionais”.
E foi precisamente em contexto de lagar que decorreu o segundo momento de celebração do Dia Mundial da Oliveira. A 30 de novembro, o lagar de Cernache do Bonjardim (Cooperativa Agrícola do Zêzere), recebeu dezenas de visitantes, que puderam conhecer e constatar in loco as diferenças ente o funcionamento de um lagar moderno, e o processo de lagaragem antigamente. Carlos Antunes fez a visita guiada pelos dois espaços distintos, explicando passo a passo como é feito o processo contínuo de extração de azeite atualmente. Da pesagem à moagem, passando à lavagem da azeitona e ao processo de batedeiras e misturadoras, até chegar ao momento de recolha do ouro líquido.
Passando para o lagar antigo, “onde cada azulejo tem uma palavra de história e cada pingo de ferrugem uma hora de trabalho”, o processo de lagaragem conta-se pelos objetos e utensílios ali deixados e, em cada recanto, há a possibilidade de fazer uma interpretação do que foi dito no processo de linha contínua, visitado anteriormente no lagar moderno.
Terminadas as visitas ao lagar, o Chef José Júlio Vintém aguardava os participantes à entrada do lagar, para explicar a confeção e dar a provar dois pratos de bacalhau que por si só são também uma tradição ligada aos lagares: a Tiborna, acompanhada de grelos, e o tradicional Bacalhau à Lagareiro. Além destas duas formas excelentes de provar o novo azeite, os participantes tiveram ainda oportunidade de experimentar os três azeites certificados produzidos no concelho da Sertã: Aldeia Cimeira, Casa Santinha e Zangaria.
“Muito mais do que promover os produtos endógenos e os azeites locais, uma aposta do Município da Sertã, este tipo de eventos revestem-se de especial importância”, referiu Carlos Miranda, presidente da Câmara Municipal da Sertã, “pelo seu caráter educativo”, na medida que “dão a conhecer a história e a memória de uma tradição secular e tão importante para todo o país, em especial para o concelho da Sertã, e que muitos jovens hoje desconhecem”.
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