No âmbito do evento Quadragésima – Ciclo de Tradições da Quaresma do Concelho do Fundão, teve lugar na Orca no passado dia 12 de Abril, a 8.ª edição dos Itinerários do Sentir, com a realização da iniciativa denominada “ORCA: Os Lugares e as Memórias”.
Este programa, promovido pelo Município do Fundão, através do Museu Arqueológico Municipal José Monteiro, contou com a parceria da Junta de Freguesia da Orca e o apoio da Comissão Fabriqueira.
Pelas 15:00 horas, no largo da Igreja Matriz, embora o “céu” se apresentasse carregado de nuvens negras, a meteorologia parecia dar mostras de também ser parceira nesta ação (tréguas que terminaram com um "dilúvio" quando observávamos as cruzes na casa do gaveto com a Rua do Penedo, perto da antiga Casa dos Foros), permitindo ao cicerone desta visita, o orquense historiador Joaquim Candeias da Silva, iniciar a caminhada por alguns dos lugares da povoação que sinalizam manifestações evocativas da Paixão de Cristo.
Ainda no adro, lembrou a intensa atividade do Pe. João Barroso logo nos primeiros anos de pároco da Orca – onde chegou em 1928 -, com o restauro e ampliação da igreja (onde construiu a sacristia nova, hoje casa mortuária) e da capela de N.ª Sr.ª da Oliveira, bem como, em 1929, deu início à construção da imponente Torre com respetivos sinos, adquirindo e estreando no ano seguinte, pela Semana Santa, as imagens do Senhor dos Passos e da Senhora das Dores.
Conduzidos pelo cântico dos Martírios, já no interior da igreja aos participantes foram lembrados os padres António Morão e Casimiro Serra e as “revoluções” que cada um operou no exercício do seu ministério eclesiástico, bem como as obras de construção e melhoramento que realizaram no domínio do património religioso.
Seguiu-se o calcorrear de algumas ruas, percurso cerimonial de antigamente das “estações da via sacra” de ar livre, visitando casas cujas ombreiras perpetuam até aos dias de hoje a inscrição de cruzes que assinalam os chamados “passos” da Paixão de Cristo.
A visita dos “lugares e memórias do sentir” terminou na capela de N.ª Sr.ª da Oliveira, com a contemplação da capela-mor e da sua magistral abóbora estrelada, bem como uma referência particular aos dois Frescos, pinturas murais que representam S. Pedro e S. Paulo? descobertos após a remoção dos altares laterais.
Foi uma tarde de emoções que perpassaram pela história, património e tradições religiosas da Orca associadas a manifestações de fé popular, que apelaram à memória coletiva.
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