Fundão: Antigo tear vai dar origem a grande instrumento de cordas com três músicos em simultâneo

Um antigo tear manual vai dar origem a um grande instrumento de cordas que vai ser tocado ao vivo por três músicos em simultâneo no projeto Teares, em construção no Fundão e com estreia prevista para junho.

 

  • Cultura
  • Publicado: 2010-03-21 19:48
  • Por: Diario Digital Castelo Branco
Um antigo tear manual vai dar origem a um grande instrumento de cordas que vai ser tocado ao vivo por três músicos em simultâneo no projeto Teares, em construção no Fundão e com estreia prevista para junho.

João Martins, Gustavo Costa e Henrique Fernandes juntam ao conhecimento musical um pouco de carpintaria para dar forma à imaginação, aproveitando um tear oferecido à Moagem - Cidade do Engenho e das Artes, espaço municipal de cultura, no Fundão.

Onde antes havia a teia e a trama, os três músicos estão a instalar cordas e em vez de ser fazerem tecidos, vai nascer música. A ideia nasceu de uma encomenda que a Câmara do Fundão fez à associação Granular, sedeada em Lisboa, e que conta com a participação de artistas de todo o país.

Ao som das cordas, vão juntar-se os sons dos mecanismos do próprio tear e gravações feitas em aldeias como janeiro de Cima, onde as tecedeiras ainda trabalham.

O resultado final será um espetáculo com 40 a 50 minutos de duração “com exploração acústica de ambientes sonoros que serão familiares à maior parte das pessoas”, descreve João Martins.

“Mesmo quem nunca ouviu um tear, vai encontrar sons que recordam a infância, até com outras máquinas que fazem parte do nosso imaginário”, acrescenta.

O trabalho não é propriamente uma novidade para os três músicos, que já se juntaram noutros projetos, nomeadamente o Klank Ensemble, em que a música nascia de instrumentos não convencionais.

Neste caso, a escolha recaiu sobre um tear manual, que está “na fronteira” entre “aquilo que é puramente mecânico e industrial e o que é muito manual e artesanal”, refere João Martins, que desde há um ano se dedica a fazer música com estas máquinas.

“Os elementos musicais são criados a partir desse encontro”, resume.

“O que me fascina no trabalho das tecedeiras é a gestualidade específica no ato de tecer, pelo que a forma de tocar este instrumento terá uma componente gestual importante, ligando todos os gestos e aquilo que se ouve”.

O espetáculo contará com uma componente eletrónica com gravações de campo relativamente manipuladas, “para criar referenciais que remetem para este universo”, seja o som de tecedeiras, sejam conversas na aldeia ou sons de uma praia fluvial.

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