Covilhã tem Totem alusivo à transumância na Avenida Pêro da Covilhã

A Câmara Municipal da Covilhã inaugurou no sábado passado, dia 26, um Totem alusivo à transumância, localizado na Avenida Pêro da Covilhã.

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  • Publicado: 2015-09-29 08:56
  • Por: Diario Digital Castelo Branco

A Câmara Municipal da Covilhã inaugurou no sábado passado, dia 26, um Totem alusivo à transumância, localizado na Avenida Pêro da Covilhã.

 Aquando da criação do concelho em 1186, a Carta de Foral é clara no que toca à importância da criação deste tipo de gado. Dizia o Foral, “o gado da Covilhã não pagará tributo de pasto em terra alguma” estabelecendo, por outro lado, um imposto, o montádigo, para aqueles que não sendo do concelho aqui pretendessem apascentar os seus rebanhos (Quintela, 1899:53).

O segundo Foral, atribuído em 1510 por D. Manuel I, continuou a proteger esta atividade, sendo o seu primeiro capítulo dedicado ao “gado do vento”, o gado tresmalhado (Quintela, 1899:60).

A principal feira da cidade, concebida por carta de D. Afonso III, e com data posteriormente fixada em Julho, pela festa de S. Tiago, por D. João I, era uma feira sobretudo dedicada aos gados e à lã.

O concelho da Covilhã, enquanto porta de entrada para a Serra da Estrela, integrava as principais rotas da transumância. Em 1734, referia o Padre Cabral de Pina que “no alto desta serra pastam mais de doze mil ovelhas, desde a Primavera, em que vêm do Alentejo, até ao Outono” (Barata, 2006,208). As principais vias percorridas pelos gados para entrarem na montanha, correspondiam aos troços: Covilhã - Torre; Unhais da Serra; Bouça-Vale da Alforfa; Vila do Carvalho - Curral do Vento (Pinheiro, 2007:160).

Terá sido este tipo de movimentações que levou à criação de cargos para o controlo de gados e resolução de conflitos entre pastores e proprietários. É o caso dos cargos de “Porteiro e Andador da Serra da Estrela” e de “Desembargador Juiz e Conservador dos Pastores Ganadeiros da Serra da Estrela e Alentejo”. De igual forma o Infante D. Luís, Senhor da Covilhã, assinou protocolo com Guadalupe, em Castela, que permitia que os gados daquela região viessem pastar na Serra de Estrela, isentos de impostos gozando os nossos gados de idêntico privilégio naquelas terras (Barata, 2006:208).

Em 1730, uma provisão régia, de D. João V, aos frades de Convento de Santo António da Covilhã, mostra que também estes possuíam gado lanígero, fruto das esmolas locais. No século XIX, e apesar da decadência da transumância, a criação de gado lanígero continuava a ser uma constate na região. Alguns criadores apostavam na inovação e especialização e introduziam novas raças mais aptas para a produção de lã.

Hoje em dia, a ovinicultura tem um papel pouco representativo, no concelho, e a movimentação de gados para o pasto é quase residual, restringindo-se entre a povoação onde reside o proprietário e a meia encosta, onde por vezes o pastor possui uma segunda residência. São exemplos desta situação algumas explorações em Verdelhos que sazonalmente deslocam os seus rebanhos para a montanha, nas Sarnadas e zona do Poço do Inferno.  

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