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Ródão: Projeto LIFE PREDATOR sensibilizou crianças para problema dos peixes invasores e da perda de biodiversidade

Aumentar o conhecimento sobre os peixes dos rios de Portugal e alertar para o problema das espécies invasoras, como o siluro, foi o objetivo da sessão sensibilização ambiental realizada no dia 10 de março, no Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão.

  • Região
  • Publicado: 2025-03-15 06:33
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

Direcionada para os alunos 1.º ciclo do Ensino Básico, a iniciativa foi promovida no âmbito do projeto LIFE PREDATOR e contou com uma plateia atenta e muito curiosa.

Resultado de uma parceria entre Portugal, Itália e a República Checa, o projeto LIFE PREDATOR visa reduzir os impactos do siluro na biodiversidade dos lagos e albufeiras do sul da Europa e é cofinanciado pela União Europeia, através do programa europeu LIFE, contando ainda com um apoio financeiro de 25 mil euros atribuído pelo Município de Vila Velha de Ródão à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Originário dos grandes rios da Europa Central, o siluro ou peixe-gato-europeu (Silurus glanis), é um peixe de água doce ilegalmente introduzido nos países da Europa Ocidental. Considerado uma espécie invasora, é um predador voraz que não tem predadores naturais e se reproduz e adapta facilmente às condições do meio ambiente. Com um forte impacto ao nível da perda de biodiversidade, já que se alimenta de espécies emblemáticas das regiões ribeirinhas, como o barbo, o sável ou a enguia-europeia, esta espécie tem causado também algum alarme social devido às suas dimensões.

A realização de ações de sensibilização ambiental junto da população escolar encontra-se entre as iniciativas promovidas pelo projeto, que em Vila Velha de Ródão contou com a participação de cerca de 130 alunos, divididos por três sessões adaptadas às diferentes faixas etárias e que incluíram a realização de jogos didáticos e o contacto com algumas espécies.

“As intervenções dos alunos e as atividades práticas permitiram-nos perceber que muitos deles conheciam as espécies de peixe apresentadas, incluindo o barbo ou o siluro, já que têm pais ou avós que são pescadores. Foi uma sessão muito interessante e participada, especialmente por parte dos alunos mais velhos, que mostraram muita curiosidade e ficaram mais atentos para esta questão”, esclareceu a professora Paula Alves, coordenadora do 1.º ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão.

“Através desta sensibilização procuramos chegar também às famílias, aos pais, já que muitos são pescadores desportivos. Escolhemos esta faixa etária porque a nossa equipa está a desenvolver alguns jogos e conteúdos mais simples, sendo uma faixa etária mais recetiva dos que os mais velhos”, acrescenta Filipe Ribeiro, investigador do Ciências ULisboa – o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), uma das instituições que integram a equipa de trabalho europeia do LIFE PREDATOR. “Em maio, está prevista a realização outras ações aqui em Vila Velha de Ródão, direcionadas para os estudantes mais velhos, que incluem, por exemplo, sessões práticas de pesca científica”, adiantou este responsável.

 

Uma autoestrada SCUT debaixo de água para vigiar o siluro

Desde que teve início, em setembro de 2022, foram já muitas as atividades desenvolvidas no âmbito do LIFE PREDATOR. Em Portugal, o projeto começou por se centrar na caracterização das comunidades aquáticas das albufeiras de Belver, Fratel, Tejo Internacional, Meimoa, Pracana e Montargil, para chegar à conclusão que a espécie se encontra em expansão em todas elas, incluindo nas duas últimas, onde em 2021 não se tinha registado ainda a presença destes invasores. Outra medida desenvolvida passou pela marcação eletrónica e seguimento de 27 siluros no Tejo Internacional, que estão a ser seguidos através de telemetria acústica. 

“Temos uma autoestrada SCUT debaixo de água. Sempre que um siluro marcado passa num raio de 500 metros, é registada a sua posição e profundidade. Também estamos a arrancar com entrevistas às pessoas para saber o que pensam sobre o siluro e qual é o seu nível de sensibilização para esta problemática”, explica Filipe Ribeiro.

Segundo este investigador, a rede de contactos adquirida no âmbito do projeto permitiu ter um conhecimento mais próximo da realidade e perceber que “aquilo que sabemos hoje sobre a distribuição do siluro em Portugal, provavelmente, foi resultado de introduções feitas há cinco anos. Este facto não acontecia quando começamos a trabalhar com a espécie, em 2014, onde havia uma diferença de 10 ou 15 anos”. 

A importância da iniciativa é também sublinhada pelo presidente do Município de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira. “Este é um projeto científico e de investigação que valoriza o nosso território, na medida em que vem consciencializar a população para o problema das espécies invasoras e contribuiu para uma boa gestão ambiental e para procura de soluções que permitam reduzir a presença desta espécie no Tejo”, refere o autarca.

Ainda em 2025, a equipa do LIFE PREDATOR pretende arrancar com ações de remoção de siluro nas albufeiras do projeto, de modo a fazer um controlo populacional da espécie. Numa ação semelhante, em 2024, foram capturados 1200 quilos desta espécie invasora, de entre os quais se contabilizaram três peixes com mais de dois metros de comprimento. O maior de todos media cerca de dois metros e trinta centímetros e pesava 93 quilos, o que o tornou no maior siluro alguma vez capturado em Portugal. Vão também continuar as ações de sensibilização e o trabalho com os pescadores profissionais, assim como junto da administração central para implementar a remoção de siluro e outras invasoras em Portugal. 

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