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Real Associação da Beira Interior organiza palestra em Malpica do Tejo

A Real Associação da Beira Interior organizou no dia 2 de fevereiro uma palestra com apoio da Junta de Freguesia de Malpica do Tejo. O evento decorreu no Centro de Apoio às Atividades da Natureza, sob o tema “Genealogia das Gentes de Malpica do Tejo”. O orador convidado foi o professor e genealogista António da Graça Pereira.

  • Cultura
  • Publicado: 2019-02-06 00:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

A Real Associação da Beira Interior organizou no dia 2 de fevereiro uma palestra com apoio da Junta de Freguesia de Malpica do Tejo. O evento decorreu no Centro de Apoio às Atividades da Natureza, sob o tema “Genealogia das Gentes de Malpica do Tejo”. O orador convidado foi o professor e genealogista António da Graça Pereira.

Na Mesa estiveram o orador, Jorge Diogo na qualidade de Presidente da Junta de Freguesia e Rui Mateus, em representação da Real Associação da Beira Interior. No início da palestra ouviu-se a cantiga da Maria Faia, por José Afonso, uma das quatro cancões do cancioneiro local que o cantor gravou e com as quais imortalizou Malpica.               

Graça Pereira referiu que era a quinta palestra que apresentava a convite da Real Associação da Beira Interior. Depois de Oledo, Fatela, São Miguel de Acha, Escalos de Cima tinha chegado a vez de Malpica do Tejo. Convites aceites pelo facto de ter muitos antepassados nestas freguesias e de ter estudado todos os registos paroquiais das mesmas anteriores a 1911.

O orador apresentou a genealogia da sua trisavó Leonor Marques Faria, natural de Malpica. Destacou o antepassado Domingos Pires Fevereiro, nascido em 1682, que casou 5 vezes. Do primeiro casamento com Catarina Lopes (ou Dias) descende o orador. Do segundo, terceiro e quatro casamentos de Domingos, com viúvas de idade avançada, não houve descendência. Contudo do quinto casamento, em 1753, com Francisca Martins Vintena, quarenta e três anos mais nova, nasceram três filhos. Este Domingos Pires Fevereiro era neto materno de Pedro Fernandes Rapado um dos muitos malpiqueiros mortos por castelhanos no massacre do dia 21 de julho de 1664.

Foi explicada a numeração utilizada pelos genealogistas na apresentação de uma árvore de costados. Assim, é atribuído o nº 1 à primeira pessoa, o nº 2 ao seu pai, o nº 3 à sua mãe, o 4º ao avô paterno, o 5º à avó paterna e assim sucessivamente. Foi referido o crescimento exponencial teórico do número de antepassados de cada indivíduo (2 pais, 4, avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 pentavós…). Na 30ª geração, correspondendo aproximadamente ao tempo da fundação da nacionalidade, cada um de nós teria 1.073.741.824 antepassados número que não responde minimamente à realidade e que é contrariado pelo facto de existirem múltiplos laços de parentesco entre os nossos antepassados.  Nem em Portugal, e na Europa, existiriam tantos habitantes. E o Marquês de Abrantes, olhando para este crescimento exponencial, defendeu que todos nós descendemos de Dom Afonso Henriques. E, afirmou o orador, de todos os portugueses, bons ou maus, desse tempo que tiveram descendência que chegou aos dias de hoje.

Os mais antigos livros paroquiais de Malpica do Tejo (batismos, casamentos e óbitos) que chegaram aos nossos dias são do ano de 1663. A República confiscou a 1 de abril de 1911 os livros paroquiais então existentes entregando-os ao Registo Civil que se tornara obrigatório a partir dessa data. Os de Malpica, encontram-se atualmente depositados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo e no Arquivo Distrital de Castelo Branco, estando digitalizados e disponibilizados para consulta na internet.

O orador mostrou um registo de casamento em Monforte da Beira no ano de 1585 e um outro em Ferreira de Alcântara (Espanha) no ano de 1939 nos quais constava que os noivos e seus pais eram moradores em Malpica, freguesia de São Domingos. Um, e outro, em datas muito anteriores aos primeiros registos em Malpica o que talvez permita concluir que teriam existido registos nesta localidade para essas datas que, entretanto, se devem ter perdido.

Graça Pereira referiu-se ao casal Manuel Lopes Zingalho e Isabel Pires Carneiro, ambos de Malpica. Esse casal batizou vários filhos, entre 1801 e 1813, ora em Malpica, ora em Ferreira de Alcântara. E nomeou outros apelidos de malpiqueiros que encontrou nos registos de Ferreira. 

O orador localizou apenas um Processo da Inquisição, de 1636, com referência a Malpica. A do sapateiro Tomás Lopes, natural de Castelo Branco e morador em Malpica, meio cristão velho, meio cristão novo, por sua mãe. Exemplificou outras fontes possíveis para o estudo das genealogias de gentes de Malpica. Mostrou os pedidos de passaportes de malpiqueiros para o Brasil dos anos de 1890 e 1930, junto do Governo Civil de Castelo Branco, e vários registos da entrada de malpiqueiros em terras brasileiras. Referiu-se a livros de atas da Câmara Municipal de Castelo Branco, em depósito no Arquivo Distrital de Castelo Branco, nomeando malpiqueiros para a governança da freguesia. Referiu-se, finalmente, à documentação do Corpo Expedicionário Português que o Arquivo Militar disponibiliza na internet e que comtempla os cerca de 30 malpiqueiros que combateram na 1ª Grande Guerra.

Graça Pereira, referiu-se a alguns apelidos de Malpica do Tejo. De apelidos patronímicos destacou os apelidos Vicente, Lucas, Brás, Sebastião, Heleno e Diogo por derivarem de nomes próprios que viraram apelidos. Destacou o apelido Riscado que teve origem toponímica por ter sido usado por descendentes do seu antepassado Jacinto Fernandes, que nasceu em 1646 no lugar da Riscada da freguesia do Fratel, que casou e viveu em Malpica, apelido que depois se espalhou por outras freguesias, nomeadamente por Alcains. Falou ainda de outros apelidos (Reis, Pires, Relvas, Correia, Cabrito, Marques, Fevereiro, Galvão, Caldeira, Siborro, …) nomeadamente quando da assistência surgiram perguntas de quem mostrou interesse em conhecer melhor as suas raízes. Muitos ficaram a saber que tinham parentesco com o orador.

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