Arquivo de Castelo Branco vai incorporar livro manuscrito de 1778

O Arquivo Distrital de Castelo Branco vai incorporar no seu espólio um livro manuscrito de 1778, uma das aquisições do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) no ano passado, disse à agência Lusa o seu diretor, Silvestre Lacerda.

  • Cultura
  • Publicado: 2019-02-12 00:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branco/Lusa

O Arquivo Distrital de Castelo Branco vai incorporar no seu espólio um livro manuscrito de 1778, uma das aquisições do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) no ano passado, disse à agência Lusa o seu diretor, Silvestre Lacerda.

Silvestre Lacerda, que assume também a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB), em entrevista à agência Lusa sobre a documentação incorporada no arquivo nacional no ano passado, referiu ainda dois manuscritos de foro eclesiástico, também do século XVIII.

O manuscrito de 1778, “Há de servir para em ele se lançarem as Receitas e Despesas da Fábrica Menor do Lugar de Alcongosta”, foi adquirido em julho pela DGLAB a uma leiloeira, e é relativo a uma das áreas de maior produção de cereja na região do Fundão.

Uma documentação que tem a ver com as “visitações” (inspeções), e sendo de interesse local, “faz mais sentido que seja incorporada no Arquivo Distrital da região que é Castelo Branco”, disse.

Do foro eclesiástico, o ANTT adquiriu o “Costumeiro do Mosteiro de Santa Maria de Belém” (1745), um documento que estipula o quotidiano deste mosteiro em Lisboa, a ainda o “Necrologium” (1766), do Convento dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra, que assinala os óbitos e aniversários desta comunidade religiosa e “outras que com ela se relacionaram, assim como as suas ligações”, explicou Silvestre Lacerda.

Este manuscrito de Coimbra, ainda com fechos em metal da época, abrange um período desde o século XVI até 1830.

Entre outras incorporações, por doação, o ANTT passou a integrar no seu espólio uma escritura de "Prazo em fateosim que fizeram os senhores donatários do Reguengo da Maia, de um assento chamado do Barreiro, e outras propriedades na aldeia de Lagoa, freguesia de Bougado, a Domingos António e sua mulher e consortes", datado de 1718.

Um documento já disponível para consulta, na coleção de “Documentos Avulsos”.

O ANTT pode integrar documentação por compra, por incorporação, quando por disposição legal, como no caso dos registos civis ou notariais, por depósito, ou ainda dação em pagamento, quando há dívidas ao Estado.

“O jornal O Século veio para o ANTT porque havia dívidas à Segurança Social, e uma forma de amortizar as dívidas foi considerar o arquivo como um ativo e entrou, assim, na administração da massa falida, e o Estado recebeu como dação em pagamento”, exemplificou.

Sem referir valores, Silvestre Lacerda disse à Lusa que o ANTT tem uma verba anual em orçamento de investimento para aquisições, nomeadamente peças de valor excecional.

O mecenato ainda “não está suficientemente desenvolvido”, mas tem havido mecenas que têm participado, disse o responsável.

Questionado pela Lusa sobre a capacidade da Torre do Tombo, na Cidade Universitária, em Lisboa, para albergar documentação, Silvestre Lacerda afirmou que “é sempre uma preocupação”, mas o seu alargamento está previsto.

“Temos um espaço aqui ao lado, e de raiz o edifício permite a instalação de estanteria compacta, o que foi pensado pelo então diretor do ANTT, Pereira da Costa, e pelo arquiteto responsável Arsénio Cordeiro, o que nos permite quase duplicar o espaço existente para 200 quilómetros de documentação, sendo a capacidade atual de 120 quilómetros”, afirmou.

Entre a documentação recebida no ano passado, em janeiro, e no âmbito dos regulamentos internos do ANTT, foi incorporada documentação do Notariado Privativo (1940-1991), proveniente da extinta Assembleia Distrital de Lisboa.

Outra incorporação aconteceu em novembro, de 346 caixas de livros remetidos pela Faculdade de Psicologia de Lisboa referentes a “Processos do Instituto de Orientação Profissional” (1990-1995).

Em maio, por doação foram entregues 13 pastas contendo as “Atas do Conselho Científico da Universidade Independente”, “Estatuto da Carreira Docente” e composição do “Corpo Docente", entre outros documentos, de um período de 1997 a 2005.

A última aquisição de 2018 foi um pergaminho sobre a entrega do castelo de Lisboa a João Afonso Telo (1383), documento que fará parte de uma exposição sobre Lisboa medieval a inaugurar em abril.

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