O Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco recebeu um encontro internacional com o tema ‘Redes Sociais e Inteligência Artificial para a Gestão de Risco de Desastres’, de 27 a 28 de Março, tendo sido o ponto de encontro de alguns dos mais reconhecidos especialistas internacionais nas áreas de redes sociais, inteligência artificial e gestão de risco de desastres.
O evento foi organizado pela VOST Portugal, associação sem fins lucrativos com sede em Castelo Branco e reconhecida pelo seu papel inovador na utilização de tecnologias de informação em contexto de emergência, em conjunto com o Município de Castelo Branco, e teve lugar no Centro de Cultura Contemporânea.
Em comunicado de imprensa, a Câmara de Castelo Branco refere que "o principal objetivo da iniciativa foi promover o diálogo e a colaboração entre os investigadores e as entidades nacionais com papel ativo na gestão de emergências em Portugal, como a ANEPC - Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a AGIF - Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, o Instituto da Conservação da Natureza (ICNF) e das Florestas e a Guarda Nacional Republicana (GNR).
Esta interação permitiu identificar sinergias, partilhar boas práticas e lançar as bases para futuros projetos colaborativos que incorporem tecnologias emergentes no apoio à tomada de decisão em situações de crise.
O encontro contou também com a presença ativa de professores e estudantes do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), que tiveram a oportunidade de interagir diretamente com especialistas de renome internacional, e de conhecer, em primeira mão, as realidades operacionais e os desafios enfrentados por quem atua no terreno. Para os estudantes, este foi um momento particularmente enriquecedor, permitindo-lhes vislumbrar percursos de investigação e inovação com impacto direto na sociedade.
A Sessão de Abertura contou com a coordenação de Valerio Lorini, responsável pela aplicação da inteligência artificial no Parlamento Europeu e líder do grupo de trabalho liderado pelo Copernicus Emergency Management System, pertencente ao Joint Research Centre da Comissão Europeia, que tem como missão apoiar os Estados-Membros no desenvolvimento de ferramentas de suporte à gestão de crises e desastres naturais.
Valerio Lorini expressou a sua satisfação com o encontro, destacando “a elevada qualidade das intervenções e o entusiasmo dos participantes”. Sublinhou ainda a importância dos desafios concretos apresentados pelas entidades portuguesas, que servirão de base para investigação aplicada com potencial de gerar soluções eficazes para as fases de prevenção, preparação e resposta a catástrofes naturais.
Leopoldo Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, referiu que “a digitalização traz benefícios, mas também riscos que importa identificar”, considerando “importante saber proteger-nos deles”, por isso, “nunca será demais conhecer a informação e os sistemas que nos possam ajudar a controlar os riscos”.
Sobre a VOST Portugal, o Autarca destacou a sua colaboração com o Município por ocasião da passagem da La Vuelta em Castelo Branco, com uma caravana de mais de 4 mil pessoas, e também no combate aos incêndios, disponibilizando ferramentas que ajudaram a analisar e controlar os possíveis riscos associados.
Peter Salamon, da Copernicus EMS, participou online, afirmando que “os desastres são cada vez mais desafiantes no que às Redes Sociais diz respeito”, salientando o imediatismo, a disponibilidade de informação e a importância de verificar e validar as fontes. O Major-General Pedro Moleirinho, da GNR, declarou que “o admirável mundo novo leva à adoção de novas estratégias” com vista a alavancar a atividade policial e enfatizou que “o acesso e a recolha de dados levam a um debate e escrutínio da liberdade, segurança e privacidade”.
Pedro Nunes, Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Beira Baixa, frisou a oportunidade de “promover a ligação entre a academia e os profissionais, com toda esta temática do tratamento dos dados, dos novos algoritmos e da IA”. Em relação à atividade da ANEPC, “os algoritmos podem ajudar bastante, por exemplo, na gestão de meios”.
Elmano Silva, Diretor Regional Adjunto do Centro do ICNF, deixou claro que “as questões do risco são transversais à nossa vivência diária e todas estas matérias estão sobre a nossa responsabilidade”. “A questão do fogo é a que nos afeta mais e a capacidade de usar as Redes Sociais com algoritmo que nos dê informações de alerta precoce é uma oportunidade de posição mais alerta e preventiva”.
Arlindo Santos, Adjunto para o Conhecimento e Inovação na AGIF, considera que a gestão das plataformas sociais complementa a missão de “fazer o planeamento, a coordenação estratégica e a avaliação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais”.
Alexandre Penha, Adjunto de Operações na ANEPC, realçou o aumento de emergências nos últimos anos que também aumenta os desafios e a capacidade de resposta, sobretudo “quando lidamos com eventos extremos e com dezenas de situações em simultâneo”. Torna-se premente “analisar os dados para preparar, decidir, reforçar e informar” e espera que “com a IA consigamos melhorar os processos e fazer as coisas no timing certo”.
O evento reuniu mais investigadores e académicos internacionais oriundos de diversos países: Hemant Purohit (Universidade George Mason, EUA), Cody Buntain (Universidade de Maryland, EUA), Amanda Hughes (Universidade Brigham Young, EUA), Muhamad Imran (Instituto de Investigação Informática do Qatar), Luana Lo Picollo (perita jurídica da Lei da Inteligência Artificial da UE, Espanha), Fedor Vitiugin (Universidade de Aalto, Finlândia) e Jose Fernandez-Marquez (Universidade de Genebra, Suíça).
“Este encontro internacional representa um passo importante para posicionar Castelo Branco e Portugal como polos de excelência na investigação e aplicação de tecnologias emergentes no apoio à gestão de desastres. A colaboração entre ciência, tecnologia e entidades operacionais é hoje mais necessária do que nunca perante os desafios crescentes impostos pelas alterações climáticas e pelos riscos naturais”, lê-se no documento enviado à redação do Diário Digital.
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