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Idanha-a-Nova: Salvaterra e Monfortinho celebram festa das mais antigas do país - Bodo

O Bodo de Salvaterra do Extremo e o Bodo de Monfortinho são duas festas populares em louvor de Nossa Senhora da Consolação, uma das festas mais antigas e mais bonitas de Portugal.

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  • Publicado: 2025-04-18 16:05
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

Este ano o Bodo de Salvaterra do Extremo vai realizar-se já deste domingo a segunda-feira, 20 e 21 de Abril. O Bodo de Monfortinho será também uma festa popular que decorrerá durante três dias, de 30 de abril a 2 de Maio.

Todos os anos, após a Páscoa, o povo de Salvaterra do Extremo e Monfortinho, concelho de Idanha-a-Nova, cumpre religiosamente uma promessa perpétua, celebrando a sua fome ancestral com um cerimonial de abundância. É festa. É fé. É património vivo. 

O Bodo tem sido objeto de uma profunda investigação para a sua classificação no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, que decorreu em 2022. Este ritual tem o ciclo da sua promessa. Acabando recomeça 

O Bodo não tem uma data precisa no calendário. Realiza-se normalmente em finais de Abril, início de Maio, sempre após a Páscoa. É uma festa belíssima, de comunhão, que todos os anos se repete religiosamente. Uma cerimónia de abundância, que tem na sua génese a pobreza e a fome. O Bodo de Nossa Senhora da Consolação, fruto de um profundo trabalho de investigação, preservação e valorização, em 2022 foi elevado a Património Cultural Imaterial Nacional. É muito mais do que uma festa, mais do que uma tradição.

A sua importância sócio-cultural tem raízes longínquas nas gentes de Monfortinho, assim como nas povoações espanholas da Raia. É um património de genuína natureza transfronteiriça, que ao longo de gerações foi estabelecendo laços de amizade, interculturalidades específicas da sua natureza raiana e até relações familiares, que no tempo sedimentaram. É um contrato sagrado que a população de Monfortinho estabeleceu com o divino.

 

O Bodo é uma festa de abundância, de dádiva. É o cumprimento zeloso de uma promessa eterna, que o povo não esquece e não deixa por pagar. Foi a fome a razão do Bodo. Em 1876, uma praga de gafanhotos assolou os campos e as searas em redor de Monfortinho e de Salvaterra do Extremo, terras raianas, que no ano seguinte se repetiu, condenando à míngua e à fome as populações. A fé à Nossa Senhora da Consolação, que terá resgatado o povo da miséria, permanece intacta.

A festa do Bodo, que recebe quem vier, é de grande alegria. As enormes panelas de ferro sempre ao lume. Comida e bebida para todos os que ali se desloquem. Vem gente de toda a parte do país e naturalmente das cercanias raianas de Espanha que não só participam na festa como contribuem para esta no peditório que a antecede. Une o Bodo o que o rio Erges e as fronteiras, hoje invisíveis, separam.

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